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A arte de cuidar e ser cuidado virtualmente

por Bernardo Mendes Pimentel

“O meu filho agora tá no quarto, doutor, com essa tal de Internet. In-ter-net. In-ter-net...” A paródia com a música da eternamente revolucionária Rita Lee mostra a quantas anda nosso envolvimento com a rede mundial de computadores: quase visceral. Mesmo antes dessa “febre”, já vinha se alastrando outro “vírus” – o do próprio multi-uso do computador, o popular PC. Um perfeito casamento de hábitos e paixões...



Na vida de muitos, da maioria, o computador e a Internet foram até chegando devagarinho. Muitos de nós recebemos essas tecnologias com um ar de desconfiança e com uma questão que beirava uma certa resistência: “mas será que eu preciso mesmo de tudo isso...?” Eu mesmo sou um bom exemplo disso. Como bom acomodado que era, acreditava possuir as melhores argumentações para não adquirir essas “modas”. No entanto, acabei vencido por apelos que variavam da lógica { trata-se de uma ferramenta muito útil à sua vida } até o sentimento maternal {o computador irá cuidar bem de sua vida...}



Seduzido mais pela oportunidade de “viajar” pelo mundo via Internet do que pela possibilidade de ser cuidado por uma babá virtual, transformei minhas economias daquela época nessas tecnologias – que me permitem, inclusive, estar escrevendo a vocês. Já são dois anos de convívio e cuidado recíproco. Tive que aprender a cuidar de máquinas – prática à qual sempre fui bastante avesso. Afinal, prefiro o cuidado com seres humanos! Parece esquisito, contraditório até, mas ter de aprender a cuidar de computador, por exemplo, pode ser um ótimo exercício para aperfeiçoar o cuidado conosco mesmo e com nossos semelhantes.



Além de termos que estabelecer certas rotinas, como limpezas e verificações básicas (existe até um agendador de tarefas...), necessitamos estar em dia com as informações preventivas daqueles que são os grandes vilões nessa dinâmica parceria ser humano – máquina: os vírus. Vejam que negritei a palavra para sabermos bem onde está o sujeito. Sim, porque sua grande arma é exatamente essa: esconder-se e aprontar as maiores brincadeiras de mau gosto. É muito recente minha primeira grande crise com o mundo cibernético: descobri nos últimos dias a presença dessa peste no organismo do meu bom companheiro, trabalhador prá lá de fundamental. Alguém já tentou caçar um camundongo dentro de casa e cansou de levar olé, bola por debaixo das pernas e ficar de língua de fora sem conseguir pegar o bichinho? Pois foi exatamente essa a sensação que eu tive ao tentar caçar o então poderoso matrix junto com um amigo bem mais conhecedor do assunto que eu. E que nome, hein? Matrix vem de matriz, de mãe... Falávamos de cuidado recíproco, de atenção maternal e o intruso se apresenta com esse nome... Quanta ironia!



Mas, deixemos de lado esse vilão que possui quase trinta codinomes, para voltar ao que nos interessa, em especial, nessa revista: o cuidado com a saúde. Este é um estado que, muitas vezes, só valorizamos quando o perdemos momentaneamente. Minha recente experiência com a ‘saúde’ do meu computador fez-me novamente enxergar e atentar para isso. Boa parte da minha vida profissional ficou ‘travada’ com as limitações que o vírus impôs ao meu fiel secretário cibernético. Quase a minha “saúde profissional” é afetada também – tive que agir rápido. No final das contas, senti até alegria ao vê-lo saudável de novo.

Chego a conclusão de que conquistar ou reconquistar a saúde não é tão difícil. Onde nos complicamos mais é no dia a dia, em manter nossa saúde. Espero que o prazer de se beneficiar dos muitos recursos do computador e que a paixão por navegar na Internet possam também nos encaminhar para o cuidado com essas tecnologias, naquilo que lhes for fundamental para o seu desempenho. E que todo esse cuidado sirva como uma boa metáfora para lidarmos bem com nossos corpos, mentes e almas. Com atenção, carinho e muito bom-humor.



Revista Eletrônica Artes de Cura

www.artesdecura.com.br 

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